extratos de palavras

... Claro nas refinarias da grande cidade, horas nojentas e fétidas. O barulho constante dos motores, que, sem fones de proteção tornarse-iam suportáveis por causa de nossa surdez, que certamente se agravaria, assim era ele.

Seus gritos me deixavam com a cabeça tonta. Olhei para minhas mãos, surpreso, notei o quanto estava envelhecendo. Já grossas e rudes, longe daquelas que pela primeira vez me deram prazer.

Isto em deixa abatido. O tic-tac do relógio como o pulsar do coração. A definição do tempo que não existe, nos enlouquecem. As juntas que também envelhecem como o portão de ferro, que não apenas perde tinta como enferruja, como também range os dentes e parece rosnar.

Assim é ele, sempre me procurando para sair, tolerava suas asneiras porque para mim, quem era o mais calmo era ele, na realidade, se é que isso existe, eu era o imbecil. Dou graças que ele venha a mim, senão ficaria em casa apodrecendo juntamente com os ornamentos da parede. Estávamos sentados conversando. Jogando palavras no ventillador.

Para sairmos juntos de novo, beijos de despedida e logo ao sair ela volta-se para ele e dispara uma pergunta. Seu coração treme assim como suas mãos, já quentes, pelo contato dos corpos, regela-se:

_ Seu nome mesmo é?

O tempo passa. Ele novamente às voltas do telefone.

_ Ligo ou não ligo (pensa). Pode ser que ela esteja dormindo e não quero perturba-la, aliás, pouco conheço sobre ela. A tensão era grande. Os mesmos traumas agora acentuados. Com bons motivos, aliás.

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