O Rabo do Gato

O Rabo do Gato Era um domingo e a família na missa, ele em casa. O menino tinha uns 6 anos de idade e posso a dizer a vocês que ele gostava de gatos, principalmente se fossem filhotinhos e fofinhos. Aliás, todos filhotinhos o são. No caso dos gatos, são animais inteligentes e ao mesmo tempo intrigantes, que reúnem o que há de melhor e o de pior nos animais domésticos. E isso desde os tempos dos Faraós, quando ainda eram endeusados como seres sagrados. Animais que sempre o surpreenderam pela velocidade de batimentos de seu pequeno coração e, também pela forma com que seu corpo parece se derreter quando os pegamos para acomodá-los no colo. É lógico, isso se eles se deixarem pegar é claro, caso contrário, não pensarão duas vezes fazer uso de todas suas artimanhas e manhas para escapar do dono ou quem mais quer que seja. Incrível como estes animais são dissimulados, não demonstrando, como se fossem extremamente sarcásticos, emoções ao te verem chegar ou sair de casa. Só alteram suas atitudes se quiserem algo de alguém. Daí, chegam perto e roçam seu corpo e miam até serem notados, dizendo algo como querendo carinho ou comida. Quando os acariciamos e acreditamos que estão gostando, eis que de um repente saem do colo como se nada tivesse ocorrido. Por sua vez, o ódio que o menino guardava desses animais, especificamente o seu gato, se devia ao fato de que naquele fim de semana, sozinho em casa, quiz fazer uma surpresa para seu gatinho. Silenciosamente e livre para suas aventuras, decidiu pegá-lo ao vê-lo embaixo da mesa da cozinha. O animalzinho estava sentadinho e quieto. Na sua esperteza acumulada ao longo de seus longos anos de vida, o menino se agachou e, engatinhando por trás do animal, que certamente fingia dormir, tentou pegá-lo em um lance só. Seria pelo rabo do animal, que ondulava de um lado para o outro e que lhe parecia dizer. _Me pegue!
Eis que de pronto o animal, que de bobo não tem nada, fez um rápido rodopio e desferiu em um golpe certeiro, uma patada de gato, ou seja, roçou com suas garras o rosto do jovem, fugindo logo a seguir. O menino, assustado, corre até o espelho do banheiro tendo tempo de ver ainda, como num filme de terror, o sangue brotar dos riscos que as garras do bichano deixaram na sua face. Ele até hoje se lembra do fato, já que sua sobrancelha ficou com uma marca dividindo-a em duas partes. Imperceptível para as pessoas, mas presente a ele todos os dias em que se vê refletido nos espelhos. Sobre o gato o agora senhor, já que são passados mais de cinquenta anos do fato, não sabe dizer. Seja para onde foi ou o que se fez dele. Somente há uma certeza sobre esse animal de sete vidas. Deve estar se lambendo, limpando as sua patinhas lá no inferno dos animais, curtindo suas sete mortes!

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